“Ter TDAH não é um problema...”
18/05/2011
por Rosane Monticeli da Silveira, Orientadora Educacional

"O problema é ter TDAH e não tratá-lo" disse Ana Beatriz Barbosa Silva, (médica psiquiatra que foi diagnosticada com TDA), autora do famoso "Mentes Inquietas", em entrevista ao Jornal do Almoço, em outubro de 2009. O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é uma síndrome neurológica, portanto, orgânica; sendo assim, necessita ser tratado.

 

Esse é um transtorno muito comum que acomete cerca de 5% das crianças em idade escolar. Em um levantamento realizado em uma escola particular de Porto Alegre, constatamos que, desde o primeiro até o quinto ano, encontram-se no mínimo, dois casos por turma.

 

Por esse motivo, serão feitas agora algumas considerações sobre o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade.

 

Mas o que é mesmo TDAH? É um trio de respeito: distração, hiperatividade e impulsividade. Existem três tipos deste transtorno: TDAH com predomínio do déficit de atenção, TDAH com predomínio de hiperatividade/impulsividade e TDAH do tipo combinado: déficit de atenção e hiperatividade (a maioria das crianças e adolescentes enquadram-se nesta categoria). Derivam de "um funcionamento alterado no sistema neurobiológico cerebral. Isto significa que substâncias químicas produzidas pelo cérebro, chamadas neurotransmissores, apresentam-se alteradas quantativa e/ou qualitativamente no interior dos sistemas cerebrais que são os responsáveis pelas funções da atenção, impulsividade e atividades física e mental no comportamento humano".

 

Pois bem, e qual o tratamento indicado para o TDAH? A resposta mais correta é: MEDICAÇÃO. Quando vem acompanhado de alterações comportamentais, necessita também de intervenção psicológica. "A medicação atua diretamente no cérebro (região onde atuam os neurotransmissores como a dopamina) amenizando significativamente os sintomas". Esses começam a desaparecer, dependendo do caso, em torno de um mês.

 

Muitas pessoas desinformadas a respeito do assunto, condenam o uso de medicação, desconhecendo os méritos trazidos pelo uso da mesma.  Alunos portadores de TDAH que não são tratados adequadamente costumam ser rotulados de indisciplinados, mal educados, briguentos e sem limites.

 

E como saber se a criança é portadora de TDAH? Estabelecer critérios para a identificação de um portador do transtorno sempre foi um desafio para a Psiquiatria e a Psicologia, uma vez que não se dispõe, até o momento, de um teste ou exame específico que por si só identifique o TDAH, nem distúrbios incapacitantes como a Esquizofrenia e o Autismo.

 

O primeiro passo é procurar um médico especializado no assunto. E esse deve ser um psiquiatra ou neurologista. A partir das informações prestadas pela família e muitas vezes, pelo parecer da escola (pois geralmente o transtorno é identificado pelos professores) o médico fará uma avaliação clínica. Baseando-se no DSM-IV (Manual de Doenças Mentais), será verificado se os sintomas da criança enquadram-se nos critérios sugeridos pelo mesmo.

 

Os sintomas devem enquadrar-se em, no mínimo, seis dos critérios apresentados para desatenção, hiperatividade e impulsividade. Sendo constatados pelo médico, o mesmo irá solicitar alguns exames neurológicos e, após, indicará a medicação mais adequada à criança.

 

Entre as medicações recomendadas estão os metilfenidatos, sendo os mais comuns a Ritalina, Ritalina LA e o Concerta. Sendo bem administradas e acompanhadas regularmente pelo médico, percebe-se uma mudança significativa na aprendizagem e comportamento daquele que as usa.

 

Lidar com crianças e adolescentes sem nenhum tratamento torna-se desgastante e prejudicial, pois os mesmos demonstram um desenvolvimento escolar abaixo da média. Também aparecem problemas de baixa autoestima e incapacidade por parte das crianças e adolescentes em lidar com situações do dia a dia.

 

Portanto, ter TDAH não é um problema; o problema é ter TDAH e não tratá-lo.

 

 

REFERÊNCIAS 

BARKLEY, Russell A. Transtorno de déficit de atenção/Hiperatividade (TDAH): guia completo e autorizado para os pais, professores e profissionais da saúde. Porto Alegre: Artmed, 2002.

 

SILVA, Ana Beatriz B. Mentes Inquietas: entendendo melhor o mundo das pessoas distraídas, impulsivas e hiperativas. São Paulo: Gente, 2003.

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